Quando olhamos para o panorama político desta cidade, não podemos deixar de apontar o mandato legislativo como o grande responsável pela instabilidade e turbulência que se vive no município. Se o mandato do prefeito é um dos mais questionados e polêmicos da história da cidade (quem com ferros fere...), a verdade é que isso só tem sido possível graças à conivência, para não dizer parceria, da Câmara Municipal.
Apesar de apelidada como a pior câmara da história de Montes Claros, os vereadores não se têm esforçado muito para tentar mostrar à população que tal não corresponde à verdade – se é que isso seria possível.
Assim, durante três anos, foram tomando decisões que fariam corar de vergonha quase todos aqueles que passaram por aquela casa e cujas fotos estão penduradas no seu corredor, mostrando, imperiosamente, o orgulho na história de Montes Claros.
Sempre numa preocupação maior de agradar aos seus eleitores, querendo passar a idéia de serem executivo, do que cumprir com a sua função de legislativo e fiscalizador, foram fazendo acordos e barganhas com o executivo na expectativa de conseguirem umas migalhas de algo que eles pudesse dizer “fui eu que consegui isso”.
Assim, de forma leviana, foi vê-los de olhos vendados a aprovar leis vindas do gabinete do terceiro andar. Aumento exorbitantes de taxas e impostos, sem qualquer debate público, com justificativa de mais obras no município; terceirizações atrás de terceirizações, com a justificativa, como chegou a admitir um vereador à Inter TV, de que o executivo não sabe gerir – deve saber do que fala; aprovação de financiamentos bancários sem quaisquer projetos fundamentados em planilhas de custos ou estudos de viabilidade econômica, em troca de metros de asfalto; aprovações de leis, principalmente no campo urbanístico, sem ter em conta aprovação ambiental e chegando ao cumulo de admitirem que desconheciam o que tinham aprovado; Aprovação da desafetação de bens imobiliários municipais sem critérios de aplicação das receitas devidamente definidos; aprovação de apoios financeiros altíssimos para equipes esportivas profissionais, deixando o esporte amador praticamente sem apoio; etc, etc,etc.
Mas, a cereja no topo do bolo estaria para chegar esta semana, dado a conhecer através das redes sociais, onde, acuado (digo eu) por uma sociedade completamente sufocada com as conseqüências de tais desmandos, e em desespero tentando mostrar que poderia fazer algo de positivo pela população da cidade, um incauto, despreparado e ingênuo vereador, supostamente, chegou ao cumulo de afirmar numa reunião com populares, que a Secretaria de Saúde teria cotas para atender quem ele indicasse.
Apesar da gravidade da suposta confissão de um crime de improbidade (dele e do prefeito), o episódio fica marcado, pela positiva, na reação do povo presente que se revoltou contra tamanha ousadia. Noutros tempos, não muito distantes, muitos teriam ovacionado e quem sabe levantado em ombros o dito cujo.
E é na reação do povo, neste singular acontecimento e noutros tantos exemplos por aí vistos, que fica demonstrado tudo o que de bom esta câmara nos trouxe. Se até aqui a população se deixava enganar por promessas vãs de candidatos a vereadores que confundiam os eleitores entre aquilo que era o trabalho do poder executivo e do legislativo, hoje, dada a incompetência e subserviência da esmagadora maioria dos vereadores para com o poder executivo, e comprovada a total incapacidade dos vereadores resolverem os problemas da cidade, o povo aprendeu qual o verdadeiro trabalho e competência de um vereador e a importância da Câmara Municipal nos destinos do município. E esse mérito não lhes pode ser tirado.
Assim, na próxima campanha eleitoral de Outubro, é bom que os candidatos tenham mais atenção nas promessas, ofertas e propostas do trabalho que pretendem fazer, pois parece que a maioria dos eleitores agora tem a certeza do que é, e para que serve, uma Câmara Municipal, e já mostraram que estão mais atentos.
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