Programa de asfaltamento contínuo chegou a Vila Brasília. Quando chegará ao Santa Rafaela?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cheque em branco

Numa administração popular, como no caso de uma prefeitura, é perfeitamente natural que o seu administrador queira aumentar as suas receitas, e que o faça através do aumento de impostos (no caso reajuste de alíquotas). Contudo, quanto a mim, isso só é licito quando feito em cima de duas premissas: Ou para manter a qualidade do serviço público prestado à população ou para poder investir em obras públicas.


O Senhor Prefeito, que pode ser muitas coisas, mas com certeza não é ingênuo e sabia que seria impossível justificar qualidade de serviço público, obviamente, justificou esta “mini-reforma” com a premissa do investimento em obras públicas.


Contudo, para enveredar por este caminho, o Senhor Prefeito se esqueceu, ou não, que teria que apresentar aos seus contribuintes e eleitores, uma estratégia e um plano das obras que pretenderia fazer pra justificar este aumento. Assim, creio eu, que os contribuintes, mal ou bem, entenderiam e aceitariam tal medida. Tanto mais que, ao fim de dois anos de mandato em que a prefeitura não seguiu nenhum fio condutor de trabalho, onde não existiu qualquer tipo de planejamento administrativo, em que preferiu asfaltar ruas sem casas no bairro Vila Brasília e deixar bairros, como o Santa Rafaela, o Olga Benário e tantos outros, da periferia da cidade sem qualquer tipo de investimento, e incontáveis medidas de competência duvidosa, é perfeitamente natural que a população desconfie da verdadeira intenção destes aumentos.


Diz o Senhor Prefeito, e com razão, que as alíquotas dos impostos estão completamente defasadas da realidade, mas também é verdade que, por exemplo, no caso do IPTU, a valorização dos terrenos, ao longo dos anos, e passadas diversas administrações, tem sido feita a 100% em cima do investimento privado e da especulação imobiliária e o% de investimento público (com exceção dos referidos terrenos na Vila Brasília), deitando por terra a sua justificativa.


Refere ainda o Senhor Prefeito, numa carta publicada no site montesclaros.com ( http://www.montesclaros.com/mural/default.asp?numero=1299#64964 ), que propõe “um pacto de amor a montes claros”, mas envia tudo para ser aprovado pela câmara municipal, em caráter de urgência, na sua última reunião do ano (e extraordinária), sem promover qualquer debate público para o assunto. Não deu tempo. Pergunto eu: Só se lembrou em Novembro de que tinha que efetuar esta “mini-reforma”? Para mim isto não é amor... é estupro.


Mas, se concordando ou não, tudo isto pode ser considerado normal. Não foi infringida nenhuma lei e, a final das contas, o Senhor Prefeito é detentor de um mandato popular conferido democraticamente pela população montesclarense. Ele está em exercício e tem plenos poderes, e o direito, de fazer estas propostas de “mini-reforma” e quaisquer outras que achar oportunas.


O que já não me parece tão normal é a Câmara Municipal na sua esmagadora maioria (14 dos 15 Vereadores votaram a favor da “mini-reforma”), não cumpra o seu papel fiscalizador e, numa medida de competência duvidosa, e em caráter de urgência, aprove um pacote de medidas desta importância sem levantar qualquer questão de ordem prática. Na ausência de uma estratégia e de um plano de ação que justifique o aumento dos impostos aos contribuintes (dizer que vai aumentar impostos para aumentar as obras públicas não é uma estratégia), o que a nossa câmara municipal fez foi passar um cheque em branco para o Prefeito poder gastar esse dinheiro da forma que achar por bem.


É bom que a população comece a estar de olho naquilo que é seu e começar ela mesma a fiscalizar o que estão a fazer com os seus bens. Porque se não o fizer... a classe política (eleita), com raríssimas exceções, não o fará com certeza.


ERRATA; Não foram 14 dos 15 Vereadores, foram 11 dos 12, pois faltaram 3 Vereadores - Alfredo Ramos, Pastor Altemar e Dr. Silveira.

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